“O espaço, a fronteira final …” Assim começa o aclamado programa de televisão Star Trek (Jornada nas estrelas) em cada um dos seus episódios. Achei a referência coerente para falar sobre gamificação, que parece surgir no horizonte como a fronteira dos profissionais de hoje em dia.
Muito se ouve falar (inclusive por aqui) sobre UX (user experience), UI (user interface), customer success e outras nomenclaturas que têm inundado o google de buscas.
Para você ter uma ideia, costumer success tem aproximadamente 3.780.000.000 resultados a cada (0,46 segundos) e UX aproximadamente 2.780.000.000 resultados a cada (0,44 segundos).
Já a gamificação inicia sua ascensão com aproximadamente 2.880.000 resultados a cada (0,44 segundos) e SIM! São três zeros a menos que as outras duas referências, mas certamente é uma questão de tempo até que ultrapasse seus antecessores.
Mas o que é Gamificação? (ou gamification). Bom, é a arte de gerar uma interação com alto nível de engajamento. Esse diálogo imediato entre usuário e marcas é viciante e como consequência, retém pessoas, as incentivando a consumir cada vez mais àquela marca, serviço, produto, software, ecossistema ou o que quer que seja.
Para o mercado, o novo consumo se baseia grande parte nos incentivos e recompensas. Essa brecha deu abertura ao conceito da gamificação.
É não é de se estranhar, pois, o nosso cérebro produz um químico da família das catecolaminas, sintetizada no citoplasma dos chamados neurônios dopaminérgicose — isso sempre que atingimos um propósito, completamos uma missão ou superamos uma dificuldade. Mesmo inconscientes desse fato, recebemos doses de dopamina e com o tempo, ficamos escravos dessa sensação de prazer. E claro! Em uma sociedade ansiosa, pandêmica, com Burnout, precisávamos dar um jeito de nos acalmar.
Logo, gamificação está em quase tudo o que gera prazer e é cotidiano para nós; a cada like ou follow que ganhamos nas redes sociais; a cada desconto a mais no iFood por compartilhar um código com amigos; ou a cada nível que desbloqueamos no Duolingo para continuar aprendendo. Em nosso cérebro, o centro das recompensas é iluminado e essa mesma região se ativa com comida, sexo ou drogas.
Descargas dopamínicas que, podem sim, ser produzidas no universo digital, como de fato já acontece.
A gamificação se baseia no game thinking e tem alguns termos vitais para o processo de engajar: criar padrões, inserir desafios e evidenciar recompensas são 3 dos principais.
Todo jogo tem um objetivo que precisa ser cumprido e para isso, os jogadores precisam superar obstáculos. A psicologia por trás da gamificação revela que a conquista e a superação movem o ser humano.
Em 2019, o setor de games movimentou ao redor de US$ 7 bilhões em todo o mundo, segundo o portal da ReportLinker. O mesmo apontou que, até 2024, os investimentos em gamificação movimentarão até US$ 40 bilhões.
Então se você é um dos que acreditam que gamificar é só para vender mais, reveja conceito. A gamificação tem um propósito físico-químico e até criminal, pois consiste em criar viciados em recompensas. Já a consequência disso pode até ser vender mais.